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[ Cultura ] A literatura destruída pela tsunami digitalAutor: JEFFI CHAO HUI WU Data: 2025-07-03 Quinta-feira, às 15:20 ········································ [ Cultura ] A literatura destruída pela tsunami digital Nos primeiros anos da ascensão da internet, eu, como inúmeros amantes da literatura, publiquei as emoções mais profundas e os pensamentos mais sinceros em um fórum literário após o outro e em sites de blogs. Naquela época, acreditávamos que "o upload é a eternidade", acreditávamos que, uma vez publicado na rede, o texto poderia ser lembrado pelo mundo, salvo pelo sistema e gravado pelo tempo. Mas não imaginávamos que, em apenas uma década e meia, um "tsunami digital" que varreu o mundo, sem qualquer aviso, devoraria silenciosamente nossas criações, escritas com nossas vidas, página por página, sem fazer nenhum som. Hoje, ao olhar para trás, aquelas plataformas que carregavam os sonhos literários de milhões de pessoas — Rongshuxia, Hongxiu Tianxiang, Blog do NetEase, Tribo do Sina, Fórum da China, Espaço do Sohu, Literatura do Tianya, Blog da Daba… ou estão fechadas ou se transformaram completamente. Aqueles posts, séries, poemas e comentários que outrora eram vibrantes e cheios de talento foram todos limpos, deletados, extintos, como se nunca tivessem existido. E o mais irônico é que muitos criadores também não deixaram cópias, e quando a plataforma desapareceu da noite para o dia, nem mesmo conseguiram encontrar aqueles textos, muito menos recuperar aquele eu de antigamente. A civilização digital deveria ser a ferramenta de armazenamento mais avançada, mas, na era do descontrole da informação, tornou-se o recipiente de memória mais frágil. Um servidor que falha, uma transformação de empresa, uma aquisição de capital, podem esvaziar toda uma comunidade literária. Um clique para desligar, cobrindo milhares de obras, sem necessidade de aviso, nem despedida. Isso não é uma "falha de dados", é uma grande amnésia cultural, é a vida literária de uma geração sendo sistematicamente apagada, é a evaporação simultânea de palavras e autores no mundo digital. Sinto-me imensamente grato por não ter confiado todo o meu trabalho a plataformas, mas sim por ter fundado pessoalmente meu próprio fórum, site e banco de dados independentes. Desde 2004, tenho publicado artigos e preservado materiais no site da Long Wind Information Network da Austrália e no site da Australian Rainbow Parrot Writers' Association, além de realizar backups locais em disco rígido. Mesmo o conteúdo mais antigo, eu mantive os documentos originais, nunca dependendo de armazenamento de terceiros. Isso não é resultado de uma previsão brilhante, mas de uma alerta instintiva: a verdadeira cultura não deve ter seu destino decidido por plataformas comerciais. Atualmente, os dois sites de ecossistema de literatura chinesa que fundei foram oficialmente incluídos pela Biblioteca Nacional da Austrália como recursos permanentes em sua base de dados. Desde o código da página até o conteúdo dos artigos, desde os registros de atividades até os arquivos de escritores, tudo está lá. Em outras palavras, mesmo que décadas depois, os pesquisadores da cultura chinesa na Austrália, da literatura chinesa e da história da escrita popular, ao acessarem os dados da Biblioteca Nacional, certamente encontrarão vestígios da "Associação Internacional de Escritores Arco-Íris da Austrália". Isso não é apenas um arquivo pessoal meu, mas também a formalização da posição de toda a comunidade de escrita em chinês no exterior. Ao mesmo tempo, também ajudei inúmeros internautas a recuperar suas obras que achavam "perdidas". Algumas foram resgatadas de postagens antes do colapso do fórum, outras foram restauradas a partir de fragmentos do disco rígido, e algumas foram as contribuições que me enviaram na época, que eu guardei sem alterar uma palavra. Até mesmo em algumas plataformas antes de fecharem, cheguei a gastar meu próprio dinheiro para comprar espaço em servidor, fazendo um backup completo do conteúdo do fórum, apenas para que suas palavras pudessem viver mais alguns anos. Mas mais pessoas, afinal, não conseguiram manter. Muitos escritores nunca mais conseguiram recuperar os romances de centenas de milhares de palavras que escreveram, os ensaios que estavam pela metade, as poesias que receberam comentários calorosos, e aquele momento em que, em uma noite silenciosa, dialogaram com suas próprias almas. O que eles perderam não foi apenas palavras, mas sim a soma de uma parte da memória de suas vidas. Hoje devemos ver com clareza que a literatura não está em declínio porque ninguém a escreve, mas sim porque o mundo digital destrói com facilidade a conexão entre os escritores e suas obras. Um site desaparece, um domínio é encerrado, como se uma biblioteca inteira fosse incendiada em uma noite desconhecida. Apenas ninguém vê, e ninguém chama a polícia. Quando uma biblioteca física pega fogo, a mídia cobre o evento em toda a rede; mas dez mil blogs sendo apagados é apenas uma "manutenção de banco de dados". Fomos ensinados a escrever, mas ninguém nos ensinou a preservar. A tecnologia nos empoderou, mas também nos abandonou. O mais triste é que a maioria das pessoas não tem consciência disso. O que quero dizer é que — nem todas as obras podem ser recuperadas; nem todas as vozes têm a oportunidade de deixar marcas; nem todas as plataformas assumem a responsabilidade de registrar a civilização. Se um dia você descobrir que tudo o que escreveu desapareceu, não se surpreenda, essa é a verdade da civilização digital. Também por isso, devemos estabelecer um mecanismo de backup estrutural para textos verdadeiramente valiosos e devemos promover a aceitação real, em nível nacional, dos "arquivos de literatura digital" como patrimônio cultural público. O patrimônio literário não deve depender apenas do papel, mas também deve incluir aqueles versos, parágrafos, artigos e memórias que brilham entre o zero e o um. Caso contrário, um dia enfrentaremos um desfecho tão absurdo: tendo escrito uma geração inteira, deixamos no mundo um "vazio". E eu, quero ser aquele que não deixa o vazio se expandir. Você ainda se lembra do que já escreveu? Se você esquecer, eu ainda guardarei para você. Justamente nos sites e bibliotecas que mantemos até hoje. Justo naquele lugar que você achava que "já tinha desaparecido". Justo na marca da era que escrevemos juntos e protegemos juntos. 来源:http://www.australianwinner.com/AuWinner/viewtopic.php?t=696655 |
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